Na Praça...
— Eu desarmo. — Seu Nestor desarma a bomba. — Pronto!
— Amanhã mesmo vou começar uma Novena para Nossa Senhora do Apocalipse. Não! Vou começar hoje! Vou pedir para a Rosinha postar. Com licença!
— Toda!
— Eu vou procurar a polícia.
— Eu vou para a Academia.
Momentos depois
Na Academia...
— Boa Tarde!
— Boa Tarde! Professor!
— Chiquinho, você chegou meia hora mais cedo.
— Eu quero ler.
— Qual livro você está lendo?
— Carta de Tiago.
— Eu li Gênesis e parei. Você já tá no Tiago.
— Eu comecei por Tiago.
— Me conte um pouco.
— Eu li o capítulo 2. Ele nos fala da fé. Que devemos tratar todos da mesma forma sem fazer julgamentos. Pois quem julga e julga com misericórdia é Deus. E que a nossa fé sem obras não tem valor. Pois a verdadeira fé tem obras. Eu não tenho que construir uma igreja? — Judas ri.
— Não! Você tem que praticar aquilo que você aprendeu lendo Tiago. Essas obras são obras de caridade. Como o seu Elias que trabalha com os drogados. A dona Naná que cuida do orfanato. O Padre Miguel que doa cestas básicas. O doutor Rafael que doa alguns remédios.
— Entendi. Eu teria que ajudar um deles.
— Sim! Ou fazer algo parecido dentro da sua realidade.
— Como assim?
— Você pode ajudar o padre a organizar os alimentos ou brincar com as crianças do orfanato. Você não vai ajudar com dinheiro como eu faço.
— Ah! Entendi. Depois da novena vou falar com o padre.
— Boa tarde!
— Boa tarde, Zezinho! Vamos começar a aula?
— Sim!
À Noite
Em Frente à Igreja Cristã Sentraliana...
— Quem colocou essa superstição aqui? — O pastor olha para os lados e não vê ninguém. Ele coloca fogo naquilo e começa a rezar.
— Pastor ficou maluco?
— Fiquei não! É assim que se elimina o que não vem de Deus.
— De qualquer forma vou pegar um balde d'água. — Marcos entra na Igreja.
Na Igreja Nossa Senhora do Apocalipse...
— Boa Noite! Irmãos, hoje resolvi começar uma novena a nossa padroeira. Agradeço aqueles que puderam atender nosso pedido de urgência.
Estamos reunidos em... — Caí o outro lustre do fundo da Igreja. — Desculpem irmãos, os ratos roeram os fios. Eles foram retirados hoje.
— Padre!
— Sim!
— Não seria melhor rezarmos na capela?
— Tens razão! Vamos para nossa capela do Santíssimo. — A capela do Santíssimo ficava a direita do altar. O padre e os fiéis vão para a capela e o padre recomeça. — Boa Noite! Irmãos, hoje vamos iniciar a novena de nossa padroeira...
Na Praça...
Chiquinho vem correndo, pois estava atrasado.
— Seu Nestor?!
— Eu não resisti. — Ele aponta para a garrafa.
— Vou chamar o pastor. — Chiquinho corre e quando chega perto vê o fogo.
Em Frente à Igreja Cristã Sentraliana...
— Fogo?!!!
— Calma! Está sob controle.
— Pastor, o senhor pode ajudar seu Nestor? Ele está bêbado caído na praça.
— Claro! Marcos, você pode ir com o Chiquinho buscá-lo?
— Sim! Vamos! — Marcos deixa o balde e vai com Chiquinho até a praça. Os dois trazem o seu Nestor e o levam para dentro da Igreja.
— Chiquinho! Agora vou dar um banho nele. Pede pra sua mãe um café sem açúcar.
— Certo! — Chiquinho vai e depois de uns quinze minutos ele volta com a garrafa de café. — Nunca vi seu Nestor de banho tomado. — Marcos coloca o café em uma caneca.
— Beba! — Seu Nestor bebe.
— Eu sou fraco. Eu não consigo resistir.
— Seu Nestor, o senhor quer ficar internado na clínica da Igreja. Fica em Meridiana.
— Eu não tenho dinheiro para pagar.
— Nós temos vagas para quem não tem dinheiro. Se o quiser eu inscrevo o senhor. Assim que o pastor Emanuel autorizar eu levo o senhor.
— Aceita seu Nestor!
— Chiquinho, você passou uma manhã comigo e já virou meu amigo.
— Foi a manhã mais agitada que vivi.
— Está bem. Eu aceito. Muito obrigado, Marcos.
— Eu vou rezar pra deixarem o senhor ir logo.
— Eu também. — Pastor Elias entra com um prato de comida.
— Seu Nestor, é pouco, mas é o que posso lhe dar.
— Obrigado. Quem tem amigos tem o Céu!
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