quarta-feira, 3 de setembro de 2025

  No Lar dos Anjos — Vou começar arrumando o telhado. Aproveitar que não tem previsão de chuva para fazer isso. — Dona Lily, a senhorita ent...

Cap. 2 - A Reforma

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No Lar dos Anjos

— Vou começar arrumando o telhado. Aproveitar que não tem previsão de chuva para fazer isso.

— Dona Lily, a senhorita entende alguma coisa de obra?

— Eu que consertava as coisas no sítio. Seu Quinzinho só me dizia o que fazer. Ele tinha dor nas costas não conseguia fazer. Zenaide, eu fazia essas coisas e no máximo ordenhava a vaca Mimosa. Mas as tarefas domésticas eu não sei fazer.

— Nova Patroinha, eu posso trabalhar para a senhorita depois que fechar o orfanato.

— E para onde essas crianças vão?

— A senhorita não disse...

— Zenaide, elas não vão se adaptar ao orfanato das freiras. Vão fugir e acabarão parando no reformatório. É mais fácil reformarmos a casa e regularizar o orfanato com a prefeitura. Mas as crianças vão ter que ir a escola ou ter uma tutora que os ensine.

— A senhorita é muito boa.

— Eu também sou órfã. Dona Cunegundes e Seu Quinzinho me criaram, mas não são meus pais. Eles faziam comigo o que a Zulma faz com essas crianças. Criança tem que estudar, brincar e desempenhar algumas tarefas domésticas. Eles tem que entender a importância de trabalhar, mas não devem trabalhar. Entende?

— Entendo.


Dias depois

Na Rádio Paraizo...

— Bom dia! Tales, tem carta para mim?

— Tem sim. Mas não é a que você está esperando. Inclusive, quer ir tomar um lanche comigo?

— Eu preciso mexer no telhado nesse horário por que é mais fresco. Vim para esse bairro procurar esse tipo de tela. — Ela mostra a tela. — Amanhã vou me apresentar no municipal se quiser me acompanhar até em casa...

— Claro, vou buscá-la. — Ela pega a carta e saí.


No Sítio Dom Pedro II ...

— Zé dos Porcos, chegou essa carta lê para mim.

— Claro! — Ele abre a carta que tinha dinheiro dentro. Ele entrega o envelope com o dinheiro para Seu Quinzinho. E lê a carta:

— São Paulo, 30 de julho de 1954.

Seu Quinzinho,

A inquilina da casa está me devendo seis anos de aluguel. A casa está pior que a casa do sítio. Com o que o senhor me ensinou vou reformá-la com o que consegui receber de um ano de aluguel.

O dono do Cruzeiro me pagou com dinheiro suíço estou tendo dificuldades para trocá-lo. A inquilina montou um orfanato irregular quero ajudá-la a arrumar o orfanato portanto lhe envio um mês de aluguel. Quando puder vir a São Paulo passo a casa para o senhor e dona Cunegundes.

Assim que terminar a reforma da casa devo ir procurar o Candinho. 

Um abraço a todos! 

Até uma próxima carta! 

Lily.

— Zé dos Porcos, não conte sobre isso para Cunegundes. Vou esperar o professor ou o Candinho voltarem aqui para pegar uma carona. E vou guardar esse dinheiro para uma emergência.

— Fica tranquilo, seu Quinzinho. Seu segredo está bem guardado comigo.


No Lar dos Anjos...

— Zenaide!

— Sim! O que a Nova Patroinha precisa?

— Subir esse material. Me ajuda?

— Claro. E essa carta?

— Da família que me criou. Eles pediram a casa. Mas eles precisam vir aqui para acertar a documentação.


Duas semanas depois...

— Professora! Como vai?

— Estou bem. As crianças estavam sozinhas. 

— O bonde atrasou. Fui do outro lado da cidade comprar esse material estou reformando o quarto dos fundos. Para ser uma sala de estudos.  O que achas?

— Uma ótima ideia. A diretora não quer mais as crianças na escola. 

— Mais uma semana e termino a reforma. Mas espero que a diretora mude de ideia. Sair de casa para a escola é um aprendizado para eles.

— Verdade.


Na Mansão de Candinho...

— Magda¹, quanto tempo!

— Quitéria, que saudades! — As duas se abraçam. — Vim buscar as minhas coisas vou morar com Celso.

— Claro! Eu lhe ajudo. Entre! — Picolé:

— Boa tarde!

— Boa tarde! Você deve ser o Júnior!

— Não, eu sou o primo do Pirulito. O Júnior está desaparecido.

— Vou rezar para São Longuinho para ajudar a encontrá-lo.


No Lar dos Anjos...

— Boa tarde! 

— Boa tarde! Eu sou o Tales, vim trazer uma carta para Lily.

— A nova patroinha está reformando o quarto. Pode entrar! — Samir e Aladim vem correndo e escorregam em uma poça.

— Aí!

— Vou pegar o remédio. — Lily saí da casa.

— Boa tarde! Tales, esse é o Samir e esse o Aladim.

— Prazer, meninos!

— Espere! Samir o que é esse desenho na sua perna?

— Eu nasci com ele.

— Uma marca de nascença. Meu irmão tem uma igual. Samir, você é meu sobrinho!

— Você pode adotá-lo?

— Se o meu irmão estivesse morto... Mas ele não está. Seu Quinzinho me deu o endereço dele. Sábado vou lá.

— Aqui está o remédio.


No Sábado...

Na Mansão de Candinho

— Lily!

— Seu Quinzinho!

— Na segunda eu ia mesmo lhe procurar. Vamos tomar um lanche na doceria.

— Claro! — Eles atravessam a praça. — O filho do Candinho está no orfanato.

— O que você está reformando?

— Sim.

— Eu falo para o Candinho. Não perca o menino de vista.

— Pode deixar! 

— Eu quero que a casa fique no nome de Eponina, Medeia, seu e meu.

— Claro!

— Dê metade do aluguel para ela. Ela está morando com Candinho. Eu preciso lhe contar uma coisa. Medeia é sua mãe. Ela teve um surto depois que você nasceu e para lhe proteger seu pai lhe deixou no sítio comigo e Eponina. Você tem tanto direito nessas esmeraldas quanto nós.


Próximo Capítulo sem previsão de publicação.

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¹Magda é irmã mais nova de Celso e Sandra. Foi estudar no exterior a pedido da tia.

Imagem criada pela Gemini.

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