sexta-feira, 22 de agosto de 2025

  O Pão Era um dia de muita ventania e eu, um gatinho com dias de vida, me escondi em uma marcenaria. Encontrei conforto em meio às serragen...

Cap. 1 - O Pão

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 O Pão

Era um dia de muita ventania e eu, um gatinho com dias de vida, me escondi em uma marcenaria. Encontrei conforto em meio às serragens. No outro dia um senhor abre a porta e com medo disparei para fora do local. Mas um cheiro me atraiu. Cheiro de pão no forno.

– Um cheiro bom. – pensei e fui entrando numa cozinha simples do lado da marcenaria. Tinha uma senhora arrumando a mesa. Ela cantava um dos salmos de Davi. Era tão bonito que quis cantar junto: – Mi…Miau!

– Olá! Está com fome? – Eu devia ter fugido, mas quis me aproximar dela. – Aqui coma um pedaço. – Estava com tanta fome que nem lembro o gosto. Logo chegou um rapaz.

– Bom dia! Mamãe! Quem é esse?

– Apareceu hoje por aqui. Pelo tamanho deve ser recém nascido.

– Vem aqui! – Ele bateu no chão para que me sentasse ao lado dele. Eu fui. – Qual é o seu nome?

– Meow!

– Eu acho que isso significa Téo. Seja bem vindo, Téo! – A senhora me deu uns pedacinhos de carne. Deliciosos. Estava forte e saudável. O rapaz me levou para a marcenaria. – Bom dia, pai! Arrumei um novo ajudante.

– Bom dia, Jesus! Esse gatinho dormiu nas serragens. Podemos fazer uma cama pra ele enquanto seu Jacó não chega.

Morei com eles durante toda a minha infância. O senhor faleceu. Jesus completou 30 anos e disse a mãe:

– Chegou a hora de ir encontrar o primo João e seus seguidores.

– Eu vou preparar algo para viagem.

– Mãe, não é só uma viagem. 

– Eu vou suportar. Deus está comigo. – Coloquei minhas patas em cima da mesa e os olhei parecia uma despedida. – Jesus, eu acho que alguém quer ir contigo. – Ele me fez um cafuné.

– Claro! O Téo vai comigo.


Dias Depois…

Estávamos as margens do rio Jordão. Queria entrar e pegar um peixe. Enquanto Jesus conversava com um rapaz que parecia ter a idade dele fui pescar. Achei um peixe do tamanho da minha fome. Já estava comendo. Quando o céu se abriu. Uma pomba muito branquinha e brilhante apareceu. Não dava para fitá-la com os olhos, era um brilho muito forte. E uma voz muito forte falou:


“Naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galileia e foi batizado por João no Jordão. E, logo ao sair da água, viu os céus se abrirem e o Espírito, como uma pomba, descer sobre ele. E veio dos céus uma voz: “Tu és meu Filho amado de quem eu me agrado”.” (MC 1, 9-11)* 


Após esse episódio fomos para o deserto:

– Téo, você pode caçar e pescar se quiser. – Naquele momento não entendi a mensagem. Mas depois de dias percebi que Jesus não estava comendo. Caçei rolinhas e ratos. E Jesus nada comia. Então apareceu um homem muito feito. Tinha um olhar seco e triste. Era o Diabo. Ele ficou um tempão falando com Jesus e depois foi embora. 

– Téo, vamos comer com João?

– Miau. – Voltamos às margens do rio e tinha peixe assado. João me deu um pedaço bem generoso.

– Jesus, o que comeu nesses dias?

– Nada. Mas o Téo comeu por mim. – Os dois riram.

– Aposto que ele encontrou muitos ratos.

– Sim.

– Está pronto para o que virá?

– Me preparei a eternidade inteira para isso. Mas se eu esquecer de Deus um segundo. Tudo pode desmoronar.

– Não esqueceremos dele e nem de Sua palavra. Mas os meus discípulos que em breve serão seus. Esses podem esquecer.

– E você está preparado pelo que virá?

– Não completamente, peço todos os dias para que não doa. – Dois homens estranhos se aproximam:

– Boa noite!


Epílogo de José:

Quando vi aquele gatinho assustado fugindo da minha marcenaria sabia que ele voltaria. Era muito pequeno e parecia estar com fome. No Egito vimos tantos gatos que eram animais sagrados. Quando Jesus o batizou de Téo me lembrou muito os tempos que estive no Egito. Mas comecei a chamar o gatinho de Teófilo que significa amigo de Deus. Onde Jesus vai, ele vai atrás. Quando íamos à sinagoga ou ao templo. Ele ficava do lado de fora quieto, mas parecendo entender o que acontecia lá dentro. Por mais caçador que fosse, passava tranquilo pelas rolinhas vendidas no Templo. Mas durante a caravana não tinha uma rolinha ou rato que passasse pelos olhos dele que ele não atacava. Ele sempre libertava os filhotes. O que me leva a acreditar que antes dele chegar em casa, ele sofreu muito.

Agora eu já estou nos meus últimos dias, mas sei que o gatinho vai ser um companheiro para Jesus e Maria. Mas nem eu e nem o gatinho poderemos protegê-los do que virá. Queria estar junto deles, queria me sacrificar no lugar de Jesus. Mas Deus não permitirá que o faça. Sei que Deus está com eles. E espero ir para junto de Deus assim como Moisés e Elias. 

Que pelos olhos do Teófilo vocês se aproximem ainda mais de Jesus.

*Copiado de: <https://www.a12.com/biblia/novo-testamento/sao-marcos/1>. Acessado em 5/2/2025.


Próximo Capítulo: https://fanficsenovelas.blogspot.com/2025/08/cap-2-os-escolhidos.html?m=1

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