Cap. 2 - Os Escolhidos

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Capítulo 2 - Os Escolhidos

Caminhamos pela margem do rio Jordão até a cidade de Cafarnaum. Durante toda viagem não consegui pescar. Comi aves e ratos. Ao chegarmos em Cafarnaum, encontramos alguns rapazes pescando. Um deles eu tenho certeza que o vi no dia que Jesus foi batizado. Mas se eu não conseguia pescar como eles com uma rede iam pescar? E não conseguiram mesmo.

E aconteceu que a multidão se comprimia em torno de Jesus e escutava a palavra de Deus, enquanto ele se achava à beira do lago de Genesaré. Viu duas barcas paradas à beira do lago; os pescadores tinham descido e estavam lavando as redes. Subiu a uma das barcas, que pertencia a Simão, e pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. Sentou-se e, de dentro da barca, ensinava as multidões. Quando acabou de falar, disse a Simão: “Avança para águas profundas e lançai vossas redes para a pesca”. Simão respondeu-lhe: “Mestre, nós nos cansamos a noite toda e nada apanhamos, mas, em atenção a tua palavra, lançarei as redes”. Feito isso, apanharam tão grande quantidade de peixes que as redes se rompiam. Fizeram sinal a seus companheiros, que estavam na outra barca, para que viessem ajudá-los. Vieram e encheram tanto as duas barcas que estavam afundando. Vendo isto, Simão Pedro atirou-se aos joelhos de Jesus, dizendo: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um homem pecador!” De fato, ele e todos os que com ele estavam encheram-se de espanto por causa da pesca que haviam feito. O mesmo aconteceu a Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Mas Jesus disse a Simão: “Não tenhas medo; daqui em diante, serás pescador de homens”. Depois de levarem as barcas para a terra, abandonaram tudo e o seguiram. (Lucas 5, 1-11)¹

– Miau!

– Desculpe, Téo! Pedro, será que meu amigo pode ficar com um peixe?

– Claro. – Pedro me deu um peixe.

– Miau! – Que peixe gostoso. Não era um peixe comum. Queria levar um para Maria, mas estragaria se colocasse na bolsa de Jesus. 

– Por que está olhando a minha bolsa? Quer alguma coisa?

– Mih!... – Tentei dizer que não.

– Você queria levar um peixe para minha mãe?

– Miau!

– Ah! Tudo que você gosta você leva para ela. Sabe o que ela faz? – Fiquei encarando ele. – Ela me entrega. E sim, esse é o peixe mais gostoso que comi.

– Mestre, ele sempre te acompanha?

– Sim, faz alguns anos que ele apareceu na carpintaria do meu pai. E desde que meu pai morreu ele não desgruda de mim. Ele adora pescar, caçar e brincar. Mas é a primeira vez que ele fica tanto tempo longe da minha mãe.

– Dizem que os gatos mudam de dono e não de casa.

– Acredito que ele se sinta em casa estando comigo.

– Miau! – Os outros gatos jamais teriam saído de Nazaré. Mas eu queria mais a companhia de Jesus, Maria e José. Do que minha caixinha de serragem.

– Mestre, essa é minha esposa Éden².

– Prazer! 

– Mestre, seja bem-vindo a nossa casa.

– Obrigado! Meu amigo, pode ficar também?

– Claro!

No dia seguinte…

Fomos andando pelas ruas de Cafarnaum. Jesus, Pedro, André, João e Tiago. E encontramos Madalena, Judas Tadeu, Tiago (tio do outro Tiago) e Mateus. Mateus tinha uma casa maior e nos convidou para jantar. Na casa dele tinha um cachorro:

– Au! – Corri pro colo de Jesus.

– Téo, nunca viu um cachorro? – Não, pensei.

– Mestre, quer que eu leve para o meu quarto.

– Se não for muito trabalho… – Mateus me pegou no colo e me deixou no quarto dele. Me senti seguro. Nada de cachorros ali.

A partir de agora você lerá uma conversa entre gatos

– Você, é o famoso quem? – Olhei para trás uma gata linda.

– Teófilo, mas me chamam de Téo. E a senhorita?

– Cleópatra, mas me chamam de Cléo. Por que estás no quarto do Mateus?

– Ele me trouxe, pois me assustei com o cachorro.

– Ah! Ele não gosta de gatos. Mas o Mateus tem um bom coração. Quer comida?

– Obrigado, deu tempo de comer antes do cachorro aparecer. – Ela me levou até a janela onde podíamos ver o banquete.

– Aquelas moças são muito bonitas.

– A mais alta é Madalena e a outra é Éden, esposa de Pedro.

– Aquele do lado dela?

– Sim. E do lado dele está Jesus. Meu mestre.

– Vocês vieram de onde?

– Nazaré.

– E lá faz muito Sol?

– Ficamos 40 dias no deserto.

– E o que você comeu?

– Ratos e pombinhas.

– E o mestre.

– Nada. Fez jejum.

– Jejum, como a rainha Ester?

– Podemos dizer que sim.

– Quer brincar?

– Sim.

No outro dia...

Acordei e estava na casa de Pedro. Estava uma agitação. Éden me perguntou:

– Dormiu bem?

– Miau! – Ela me deu uma tigela de leite.

– Tome tudo, que vocês vão viajar e encontrar a mãe do mestre.

– Miau! – Vamos encontrar Maria, que felicidade.

– Mateus disse que vai levar a Cleópatra.

– Miau!

– Você a conhece?

– Miau! – Coloquei duas patas sobre o meu peito.

– Ela é uma gata?

– Miau!

– Que bom. Não é bom ficar sozinho. – Eu pensei: Não estou sozinho, estou com Jesus.

Epígrafe de Pedro

É difícil ver gatos entre os judeus. Um gato de companhia então… Mas o que mais me impressionou no mestre foi a forma com que ele explica as coisas. Uma forma simples que qualquer um pode entender. Se nunca tivesse entrado em uma sinagoga teria entendido tudo o que ele disse. Claro, que os peixes terem aparecido e ele ter chamado o cobrador de impostos para segui-lo me impressionou. Mas a simplicidade dele me chamou mais atenção. Quando André me contou que João explicou que o que viram no momento do batismo foi o Espírito Santo fiquei com muita vontade de ver também. Será que um dia verei? Mas agora, orem por nossa viagem. Iremos para Caná e Éden vai ficar em casa com a mãe, só as duas.

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¹Acessado em 9 de março de 2025: https://www.a12.com/biblia/novo-testamento/sao-lucas/5.

²Na Bíblia não tem o nome da esposa de Pedro, mas na série The Chosen ela tem o nome de Éden. Então vou usar o mesmo nome.