Terça-feira antes de Pentecostes
Igreja Nossa Senhora do Apocalipse...
Ele passa pela praça e Nestor não o vê. Ele dá a volta na Igreja e arromba a porta do fundo.
— Quem é? — Padre Miguel estava preparando uma bandeja com o café da manhã. Pois havia combinado com Nestor.
— Eu sou a sua morte!
— Posso antes fazer minha última oração em frente a Jesus Cristo e Nossa Senhora?
— Pode? — O Padre corre para o altar. Ele pensa vou me arrepender disso. Padre Miguel começa sua oração:
— Pai Nosso que estás nos Céus! Meu Pai! Pai desse seu filho. O Criador do Universo. O Senhor que está no Reino da Eterna Glória. Receba essa oração de seu filhinho aqui de Sentrália.
Na Praça...
Chiquinho senta no banco da praça. Coloca sua garrafinha de água e seu potinho de álcool em gel ao seu lado. Abre sua Bíblia e se põe a ler.
Passado alguns minutos Nestor o vê.
— Chiquinho!
— Olá seu Nestor!
— Você não acha estranho o padre não ter aberto a Igreja?
— Deve ter perdido a hora. Hoje eu não ouvir o galo do Seu José.
— Eu também não. Vou aguardar um pouco.
— Ah! Esqueci o dicionário!
— Qual é a palavra?
— Provação.
— O que é uma prova?
— É um monte de perguntas para a professora saber se entendi o que ela explicou.
— A provação é quando a vida lhe dá uma prova dessas. Tá vendo aquela garrafa?
— Sim. Ela está com metade da cerveja.
— Eu sou acoolotra. Eu quero beber, mas não posso. Então estou resistindo a essa provação.
— Entendi. Vou te ajudar. — Chiquinho pega a garrafa, joga a cerveja no esgoto e a garrafa vazia no lixo reciclável. — Pronto!
— Muito obrigado. Mas se eu fosse forte eu teria feito isso.
— Seu Nestor! O senhor sabe o que significa constância?
— É você fazer sempre a mesma coisa. Por exemplo todo dia você almoça.
— Ah! Acho que aqui ele quer dizer de rezar todo dia. — Seu Nestor fica com o olhar parado na padaria. — Seu Nestor, o senhor está com fome?
— Sim. Eu combinei de tomar café com o padre.
— Vamos bater na porta do fundo. Para acordá-lo. — Os dois dão a volta na Igreja e seu Nestor percebe que a porta foi arrombada. Ele faz sinal para Chiquinho ficar quieto e eles voltam para frente da Igreja. E encontram Tomé. Nestor cochicha:
— Arrombaram a porta dos fundos da Igreja.
— Vou chamar o delegado. — Chiquinho bebe toda a água de tão nervoso.
— Vai para casa!
— Cuida do Padre! — Chiquinho pega as suas coisas e vai para casa.
Na Igreja...
— Santificado seja o vossso nome que seja feita a vossa vontade. Se é da sua vontade que eu morra eu aceito de bom grado. Mas se não é de sua vontade que o senhor impeça esse seu filho de me matar. — Um barulho vem do fundo da Igreja e os dois olham para trás.
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