Capítulo Anterior: https://fanficsenovelas.blogspot.com/2025/09/cap-5-o-horto-das-oliveiras.html?m=1
Já era por volta da hora sexta quando chegou Nicodemos.
— Shalom, posso falar com Cleófas? — João Marcos responde:
— Shalom, Cleófas não está.
— Tenho um comunicado.
— Entre e já diga a todos de uma vez. — Ele entrou na sala. Nicodemos trocou olhares com Maria e ela perguntou:
— Nicodemos, ele foi condenado?
— Sim, senhora. Condenado a morte de cruz.
— Vamos!
— Senhora, é muita dor que terás que passar.
— Com Deus tudo suportarei inclusive o Vale da Morte.
— Ela sai, Nicodemos, João, eu, o Arcanjo Rafael e mais alguns anjos a acompanham.
Passou um tempo, estávamos no lugar que ficou conhecido como Via Crucis. Jesus cai e um anjo segura a cruz para não esmagá-lo e percebi que muitos anjos lhe ajudaram. Jesus lhe deixou carregar a cruz junto com ele a partir dali. Ao terminar a Via Crucis ele foi crucificado em um lugar chamado Gólgota.
— Rafael, você não vai tirar Jesus da cruz?
— Diabo, eu não sou desobediente como você.
— Você vai deixar o filho de Deus morrer em uma cruz? A cruz é a maldição.
— Já disse que não sou como você.
— Você acha que só rezando vai conseguir alguma coisa?
— A oração é a arma mais poderosa que se tem.
— Quero ver o que vocês estão rezando.
— O Senhor é meu pastor e nada me faltará…
— Um salmo?!
— Podem cantar! — Os anjos começam a cantar:
— Pelos prados e campinas verdejantes eu vou…
— Ah não!!! Que melodia irritante. — O Diabo e os demônios vão embora.
Jesus estava na cruz cada dificuldade que ele tinha em respirar o coração de Maria se sobressaltava e as pernas dela bambeavam. Então um a um os anjos começaram a segurá-la como Araão e Ur fizeram com Moisés.
— Senhora, não é melhor voltarmos?
— João, eu tenho quem me sustenta. O Amor que tenho por Deus é maior que tudo. Vou ficar até o fim.
Ao pôr do Sol os soldados foram retirar os corpos das cruzes.
— Longuinho, este parece morto.
— Realmente vou transpassar a espada para ter certeza. — Longuinho transpassou a espada e água e sangue jorraram do peito de Jesus. Respingou algo no olho dele.
— Aí! — Ele retirou o líquido. E sua visão que já estava turva se tornou perfeita. — Estou curado!
Maria sentiu seu coração transpassado e se deixou prostrar. Ao ouvir as palavras do soldado se lembrou do profeta Eliseu. Ela teve a certeza que Jesus já estava com seu pai. Ela fez sinal para que os anjos subissem para recebê-lo.
— João, me dê um momento.
— Sim. — João se afastou.
— Mensageiros, muito obrigada. Mas podem ir. — Um dos anjos lhe respondeu:
— Mãe, esse ainda não é o fim. Ele nos pediu para lhe acompanhar e assim o faremos.
— Você é capaz de imaginar a dor que estou sentindo.
— Não, mas Deus pode. — Maria silenciou-se e João preocupado voltou e veio buscá-la.
Os soldados desceram Jesus da cruz. Ela o abraçou e começou a limpar suas feridas. Suas lágrimas rolavam. E ela cantava as mesmas músicas que cantava para ele dormir quando era criança.
— Vim buscar a alma de Cristo para levá-la. Mas cadê a alma dele? – Rafael respondeu:
— Miguel, chegou antes de você. Eles já foram.
— Diabo! Diabo!
— O que foi, Marduk?
— Estamos perdendo as almas. Cristo e Miguel, entraram na Mansão dos Mortos e estão levando todos. Inclusive Adão.
— Não! Vamos impedir! — Ao ouvir isso Rafael os ordenou:
— Anjos! Vamos ajudá-los a derrotar os demônios!
Muitos minutos depois...
Nicodemos e José de Arimatéia já tinham preparado o corpo. Eles iam fechar o sepulcro, mas Maria chorava ao lado do corpo. Eles pediam para ela sair, mas ela não queria. Eu falei em humanês de novo:
— Mãe, eu sei que você está sofrendo. Mas a profecia precisa se cumprir. O que vai acontecer aqui nem o mais inteligente dos homens saberá explicar. Vamos!
Então Madalena entrou e também pediu para que ela saísse. Por fim João:
— Senhora, vai deixar seus outros filhos sozinhos. Vamos ficar todos juntos. Como os pintainhos debaixo das asas de sua mãe.
Ela então os escutou e saiu. Os homens fecharam o sepulcro e dois anjos ficaram de guarda. Maria quis ir ao monte para rezar.
— Senhora, vamos passar primeiro em casa e comer alguma coisa.
— Não, primeiro preciso falar com Deus.
Fomos ao monte. Ela rasgou suas vestes e jogou cinzas em sua cabeça. E assim o fez também com o seu coração.
— Madalena, estou muito cansado.
Não dormi noite passada. Se acontecer alguma coisa me acordas?
— Claro, João!
— Miau!
— Mas fácil o Teófilo te acordar. — Ela ri.
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