No Hotel...
— Seu Lucas, chegou essa carta pro senhor.
— Obrigado, seu Popó. — A carta era da sogra de um amigo pedindo que Lucas cuide do seu neto, pois o genro havia morrido na guerra. E ela não tinha condições de cuidar da criança. Lucas fica tão aflito que nem percebe que Catarina chega:
— O que foi?
— Leia. — Ele entrega a carta para Catarina. Ela lê.
— Eu te ajudo a criá-lo.
— Você tem certeza?
— Sim.
No Armazém...
— Bom dia, seu Ademar.
— Bom dia, seu Valente. Em que posso ajudar?
— Eu queria um quilo de arroz. — Miguel começa a chorar.
— A Sara chorou a noite toda. Acho que estou ouvindo o choro dela em qualquer lugar.
— Não, é o Miguel. Meu filho. Adotamos ele e a Maria. Desde segunda que eles estão conosco.
— Ah! Fico muito feliz por vocês!
— Obrigado, seu valente. Seu arroz! Anoto na caderneta?
— Não, eu vou pagar. Deixa a caderneta pro Tobias.
— Entendi.
— Inclusive tem algo na caderneta que não seja doces?
— Ele só tem comprado frutas.
— Frutas?!
— Sim. Disse que está de dieta.
— Ah! Achei que ele estava comendo doces escondido.
— Aqui ele não tem comprado.
Na loja de Cidinha...
— Que estranho! As crianças não vem mais aqui pegar doces. — Cândinha, entra.
— Cidinha, você pode fazer um bolo especial?
— Claro, qual ocasião?
— O casamento do Ivan.
Uma Semana Depois...
Claudio e Rita se casam.
Na outra semana...
Lucas e Catarina se casam e adotam Gabriel, o filho do amigo dele.
Mais uma semana depois...
Ivan e Adélia se casam.
Dezoito anos depois...
Na Prefeitura...
— Senhor prefeito, seu discurso.
— Obrigado dona Cândida.
— Por nada. — Ela já vai saindo.
— Dona Cândida!
— Sim, a senhora pode me arrumar uma esposa.
— Vou ver o que posso fazer.
No Armazém...
— Olha lá, Manoel ela no hospital. Será que o nenê vai nascer?
— Maria, você está fofoqueira igual a sua mãe.
— Manoelzinho....
— O Marcelino é médico. Não se preocupe.
No salão de beleza...
— Agora sim! Sara e Mara Fashion Hair.
— Faremos uma grande parceria assim como as nossas mães.
Na Delegacia...
— Delegado, Tobias!
— Sim, Junior.
— A sua esposa está aí fora, gostaria de falar com o senhor.
— Por que não a deixou entrar?
— Porque a rampa ainda não está pronta.
— Verdade. — Ele sai da delegacia. — Oi Clarinha!
— Tobias, você não vai na reinauguração do salão.
— Claro, Vida. Deixa passar umas recomendações pro Junior e vamos.
No Restaurante...
— Bisa, a senhora roubou de novo.
— Eu não roubei. Eu esqueci que a dama vale menos que o rei.
— Eu marquei nesse papel.
— Está bem... Sofia. Eu roubei.
— Sofia, em vez de você ficar jogando com a vovó. Você devia me ajudar.
— Tia, você não tem clientes agora.
— Mas tem muita coisa pra fazer lá dentro.
— Você devia jogar conosco em vez de reclamar.
No Hotel...
— O meu pai é juiz.
— E o meu pai é diretor do hospital.
— Eugênia, eu sou o mais qualificado para herdar o hotel.
— Gabriel, eu sou a mais qualificada.
— Eu já terminei meus estudos em São Paulo.
— Eu fiquei com medo de lá.
— Por que você não pede pra sua mãe de mandar pro exterior?
— Eu gosto daqui. Eu gosto de brigar com você.
— Eu também. Quer dizer brigar não é bom. O que te deu hoje?
— Com licença, a dona Cândida gostaria de falar com a senhorita Eugênia.
— Rubi, pode deixar sua avó entrar. — Dona Cândida entra.
— Boa tarde! Como você estão bem?
— Tirando as brigas vamos muito bem.
— Em que podemos ajudar?
— Eugênia, você tem algum pretendente. — Gabriel caí na gargalhada.
— Gabriel! Dona Cândia, eu não tenho.
— Eu posso lhe apresentar para o prefeito?
— Não, Dona Cândida. Ela e o Miguel não dariam certo. Eles iam brigar o dia inteiro.
— Dona Cândida, você não acha que o Miguel merece uma primeira-dama como a senhora foi um dia.
— Claro! Mas quando vocês nasceram eu já era prefeita.
— Mas a cidade inteira comenta que a senhora foi uma excelente primeira-dama.
— E até agora ninguém lhe substitui nesse cargo. Eu acredito que a filha do tio Claudio. Seria uma melhor opção. Ela vai se formar em secretariado mês que vem.
— Concordo com a Geni.
— Seu avô ia fazer muito gosto que você se casasse com o prefeito.
— Mas ia ser um grande desgosto. Quando ele pedisse o desquite.
— Gabriel!
— Bem, acho que já atrapalhei bastante vocês dois. Eu vou indo.
— Eu lhe acompanho. — Dona Cândida saí do hotel.
— Posso saber, por que minha madrinha não pode me casar com o afilhado dela?
— Porque... porque... porque só eu posso brigar com você. Mais ninguém.
— Eu não ia deixar outra pessoa brigar comigo.
— Olha! Se terminarmos o projeto do resort. Eu te levo no cinema.
— Eba! Podiamos colocar uma fonte aqui.
— No meio do hotel?
— É um jardim de inverno.
— Não ia ser lounge bar.
— Vai começar de novo?
— Par...
Na Praça...
— Dona Cândida!
— Oi Marê!
— Por que a senhora está rindo?
— Sua filha e o Gabriel.
— Aqueles dois... eles brigam o dia inteiro. Eu não sei mais o que fazer.
— Case-os.
— Ahn?!
— Eu vim ver se ela gostaria de se encontrar com o prefeito. E o Gabriel ficou com ciúmes. Por isso que estou rindo.
— Ela recusou o prefeito?
— Pediu pra que eu falasse com a Safira.
— Ela brincava que ia ser prefeita.
— Quem sabe um dia... O Miguel não vai ser prefeito pra sempre.
— Eu lembro do Marcelino falando que ia ser médico igual o Orlando.
— E deu certo.
— Ai! Eu tava indo pro hospital. A Aninha vai ter o meu neto.
— E eu ia na inauguração do salão.
Mais tarde...
Ione e Marê estão babando pelo neto.
— Vocês querem um lenço?
— Doutor Orlando, o Francisco não parece a minha Aninha.
— Não, ele parece o Marcelino.
— Ele parece com os dois. Agora as vovós, podem ir para casa?
— Só mais um pouquinho, Orlando...
Na Irmandade...
— O que foi pai Papinha?
— Luis, eu me sinto vô do bebê do Marcelino.
— Vocês cuidaram muito bem dele. Desde que Jesus o trouxe aqui.
— Como?
— Eu ouvi da dona Verinha, mas ela já está delirando a muito tempo.
— Nem tudo o que ela diz é delírio.
No Jornal...
— Seu Ciro, você tem certeza?
— Prefiro fazer reportagem de moda do que ir para a cadeia.
— Pois bem, preciso de alguém que faça uma reportagem sobre a congada.
— Eu faço.
Na livraria...
— Boa Noite!
— Boa Noite, prefeito. Os livros dessa estante chegaram ontem.
— Obrigado. Esse livro que você está lendo é novo.
— A edição sim. Adoro poesias. Mas ele é sobre as grandes navegações portuguesas.
— Os Lusíadas.
— Já leu?
— Já. Mas ultimamente só leio filosofia e política.
— A vida precisa de um pouco de poesia e fantasia pra ser mais leve.
8/5/2024